Dia 4/fev/1997 morria Paulo Francis, um dos mais polêmicos e brilhantes jornalistas do Brasil. O pessoal mais novo não tem idéia de como foi importante a coluna desse cara na Folha e depois no Estadão. Numa época em que não era tão barato sair do Brasil para conhecer o mundo, não havia Amazon para trazer livros e DVDs e sendo o Brasil uma grande província, a coluna do Paulo Francis era a abertura que tinhámos para o mundo civilizado. Dos quadros de Vermeer no Metropolitan aos últimos lançamentos de livros e filmes, sabíamos tudo por meio do Francis. O mais importante é que ele nos lembrava como o país permanecia atrasado, provinciano. Atrasado, em todos os sentidos, mas principalmente na política as coisas sempre foram muito ruins. Enquanto o muro de Berlin caía, no Brasil se falava em tabelar os juros em capítulo da constituição, lei de informática, monopólio da Petrobras... Toda a crítica dele ao que se fazia (e ainda se faz!!!) no Brasil era a demonstração de que o cara se importava muito conosco. Na posição em que estava poderia ter simplesmente ignorado tudo e ficaria escrevendo apenas sobre o que mais gostava. Entretato, por escolha dele, escrevia sobre o Brasil e sua desastrada política. Foi o mais influente jornalista do país e escrevia lá de Manhattan.
Seis anos atrás um dois piores pesadelos de Paulo Francis tornou-se realidade. O PT e Lula, que ele chamava de "ni mim", tomavam posse do Governo Federal. O Brasileiro havia elegido o atraso, o que de mais retrógrado havia em termos de ideologia, visão de mundo, prática política. A vulgaridade havia tomado conta de vez do país. Paulo Francis nos faz muita falta. Por mais que o Reinaldo Azevedo tenha o blog mais lido do país, que o Diogo Mainardi seja o cara que mais recebe cartas na Veja, os dois ainda não têm a influência que o Francis tinha.
O vídeo abaixo tem uns famosos erros de gravação da participação dele no Jornal da Globo. Eram comentários sobre música, cinema, pintura, política, assuntos que ele dominava. Estes comentários, que iam ao ar já no final do jornal, fizeram deste cara elitista e altamente intelectualizado, uma das figuras mais populares, imitado por humoristas e reconhecido pelos motoristas de taxi quando chegava no Galeão. O que ele repete várias vezes no vídeo é uma boa síntese de qualquer comentário sobre a nossa situação...
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